O Ibovespa fechou em alta impulsionado pela disparada das ações da Vale e de empresas siderúrgicas, em resposta a novos estímulos econômicos anunciados pela China.
- iniciandonoforex
- 26 de set. de 2024
- 4 min de leitura
Bolsas dos EUA avançam com repercussão de dados do PIB e do mercado de trabalho; dólar comercial cede 0,5%, a R$ 5,44
Após a queda de ontem, o Ibovespa respondeu bem nesta quinta-feira e subiu 1,08%, indo aos 133.009,78 pontos, com uma alta consistente de 1.423,33 pontos. Porém, faltando dois pregões para terminar setembro, o mês ainda está negativo em 2,20%.
O dólar comercial fechou o dia com baixa de 0,59%, a R$ 5,44. E os juros futuros (DIs) terminaram mistos.
O motivo de tanta euforia hoje é o mesmo de dois dias atrás, quando o IBOV também conseguiu uma alta ampla (1,22%): estímulos na China, além da comprovação de que a economia dos EUA está saudável, sim, senhor.
O PIB dos EUA cresceu a uma taxa anual de 3,0% no segundo trimestre de 2024, segundo a leitura final divulgada hoje. Os pedidos de seguro-desemprego desaceleraram, mostrando que o mercado de trabalho segue seguro.
Com os dados dando razão às falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, de que o corte amplo de 0,50 pp nas taxas de juros promovido semana passada não foi um ato desesperado e sim um ajuste criterioso da autoridade monetária, os investidores relaxaram e foram às compras, fazendo os principais índices em Wall Street subirem, com o S&P 500 atingindo novo recorde.
“Se há um problema no mercado de trabalho, ele não aparece nos dados semanais de pedidos de seguro-desemprego. Porém, como sempre acontece, o relatório mensal de empregos (o payroll) desempenhará um papel maior na definição do sentimento do mercado”, ponderou à CNBC Chris Larkin, diretor-gerente de negociação e investimento do E-Trade do Morgan Stanley.
Economia do Brasil
No Brasil, os dados seguem bons. O Índice de Preços ao Produtor (IPP) avançou 0,61% em agosto ante julho último, uma desaceleração frente aos 1,53% registrados um mês antes. Soma-se ao fato do Banco Central ter melhorado novamente sua projeção de crescimento econômico em 2024, de 2,3% para 3,2%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado hoje.
Justamente por isso, o BC vê a inflação acumulada em doze meses no Brasil permanecendo próxima ao limite superior do intervalo de tolerância nos próximos meses. Por conta disso, a trajetória considerada para a Selic no cenário de referência do BC, extraída da pesquisa Focus, é de subida de juros para as próximas reuniões, em contraste com a trajetória do Relatório anterior, que era de manutenção.
Mas o Copom segue dependente de dados para calibrar o ciclo de aumento da taxa Selic e não pretende dar sinalização, ou “guidance”, sobre os próximos passos, porque isso não seria positivo para o BC.
Em entrevista em São Paulo para comentar o RTI, Campos Neto foi enfático: “não fizemos guidance, ou seja: as opções estão abertas”. A estiagem severa que o país enfrenta no momento, impactando os preços dos alimentos, pode pressionar ainda mais a inflação (e a Selic).
China puxa Ibovespa
Mas o vetor que mais impulsionou o Ibovespa foi novamente a China. O país planeja emitir títulos soberanos especiais no valor de cerca de US$ 284,43 bilhões este ano como parte de um novo estímulo fiscal, ampliando uma série de medidas para combater as fortes pressões deflacionárias e ajudar no crescimento econômico.
Com isso, mais uma vez, a Vale (VALE3) disparou. Dois dias atrás, quando os chineses anunciaram as primeiras medidas de estímulo, a alta foi de 4,88% para as ações da mineradora. Ontem, um pouco menos: avanço de apenas 0,45%. Hoje, disparada: mais 6,01% – minério de ferro ampliou sua subida também.
Da mesma forma, os ativos de siderurgia e mineração subiram como dois dias atrás: CSN (CSNA3) ganhou hoje 8,95%, Usiminas (USIM5) avançou 5,63%, Gerdau (GGBR4) valorizou 3,89% e CSN Mineração (CMIN3) subiu 6,67%.
Talvez esses ganhos já fossem suficientes para elevar o Ibovespa, contudo teve mais. Os bancos ficaram no azul: BB (BBAS3) fechou com alta de 0,66%, Bradesco (BBDC4) ficou com mais 2,56% e Itaú Unibanco (ITUB4) avançou 1,27%. No setor financeiro, B3 (B3SA3), que puxou a queda do IBOV ontem, hoje subiu 0,56%.
A Azul (AZUL4) ofereceu aos acionistas uma boa notícia: a aérea teria alcançado a um acordo com 90% de seus arrendadores com o objetivo de renegociar seu instrumento conversível em ações para uma diluição no intervalo de 20 a 22%, segundo notícia da Exame. A ação acabou decolando 10,00%.
Mas o caso mais curioso do dia foi mesmo de Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), com investidores repercutindo a retomada das negociações sobre uma eventual fusão, após sete anos de uma tentativa frustrada. Cogna disse que desconhece o assunto e não há o que divulgar sobre isso, mas as ações já haviam tomado o rumo do alto: mais 7,20% e 2,87%, respectivamente, mas longe das máximas.
Petroleiras
Poucas ações perderam hoje, mas Petrobras (PETR4) estava entre elas, com amplos 2,16% negativos. PRIO (PRIO3) desmoronou 4,84% e Brava (BRAV3) derreteu 6,54%. Todas foram impactadas por notícias que dão conta da resignação da Arábia Saudita com relação ao preço em queda do petróleo internacional, vendo que as medidas tomadas pela OPEP+ não vão levar novamente os preços para perto dos US$ 100.
Mas calma lá! A semana ainda não acabou! Amanhã, o mundo receberá os dados da inflação de preços de consumo pessoal, o famoso PCE, o indicador de preços preferido do Fed para fins de orientação para política monetária. É como dizem: enquanto tem bambu, tem flecha. (Fernando Augusto Lopes)
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